Método americano diz que 74% das crianças matriculadas alcançaram o desenvolvimento esperado para a idade.
Estudo inédito avaliou que 74% das 46 mil crianças matriculadas nas creches da rede municipal do Rio alcançaram o desenvolvimento desejável para a idade delas. Para chegar a esse diagnóstico, professoras da rede responderam a questionários sobre cada um dos alunos, com idades entre 6 meses e 5 anos.
A avaliação, que usa metodologia americana, será ampliada para as creches públicas de todo o País e fará parte de um programa de atenção à primeira infância, que está sendo desenhado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.
As professoras responderam perguntas sobre as habilidades pessoais e sociais, coordenação motora ampla e fina, comunicação e capacidade de resolver problemas para cada um dos alunos.
Os resultados foram comparados com as médias americanas. Os dados mostram que as crianças das creches do Rio têm dificuldades mais acentuadas na coordenação motora fina e na capacidade de resolver problemas.
“No Brasil, temos crianças com sérios problemas sociais. Ainda não construímos uma série histórica, mas essa ferramenta já nos permite avaliar o impacto do ensino na primeira infância”, diz a secretária municipal de Educação, Claudia Costin.
Diferenças
Os questionários apontam, por exemplo, que aos nove meses as discrepâncias entre americanos e brasileiros eram mais acentuadas. De zero a 60, os bebês estrangeiros atingiram a nota 53 para coordenação motora fina, e os brasileiros, 30.
Aos 5 anos, os primeiros ficaram com nota 52, e os últimos, 46. “Isso demonstra o impacto que a creche teve na vida das crianças, porque a média final fica próxima da americana. A pesquisa nos dá um roteiro. Dependendo das dificuldades, podemos adotar ações”, diz.
Numa parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, as informações de cada criança serão anexadas ao prontuário delas, para que a evolução também seja acompanhada pelo médico.
Primeira infância
O ministro Moreira Franco, da Secretaria de Assuntos Estratégicos, informou que o sistema de avaliação será um dos instrumentos utilizados no programa nacional de atenção à primeira infância. O programa inclui ainda os ministérios da Saúde e da Educação.
“As teorias afirmam que aos três anos a criança já tem desenvolvida a base da capacidade de sociabilidade, de controle motor, de inteligência, o que define o teto que ela pode alcançar. Uma criança que teve boa assistência pode chegar onde quiser. Uma criança com deficiência alimentar, de saúde e de estímulo chega aos três anos fadada a ter um teto baixo”, diz.
Crítica
A professora Lea Tiriba, da Escola de Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Uni-Rio), critica o modelo de avaliação. “Ao analisar as questões se percebe que se está mais interessado na destreza para os trabalhos no futuro. Não se pergunta sobre a criatividade, a capacidade de interação com os colegas.
Acho que a secretaria deveria estar mais empenhada em formar professores capazes de interagir com seus alunos e de identificar possíveis dificuldades, do que mobilizá-los para responder questionários.”
Fonte: Clarissa Thomé (O Estado de São Paulo)
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